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quarta-feira, 30 de julho de 2014

O deserto e a liberdade

Artigo de Ricardo Barbosa de Sousa

Não é sem motivo que Deus, logo após libertar o povo da escravidão no Egito, os conduziu para o deserto. A passagem pelo deserto era necessária para ajudá-los a deixar para trás a mentalidade da escravidão e a compreender a nova liberdade que Deus lhes estava oferecendo. Quando damos o nosso sim a Deus, ele sempre nos conduz ao deserto.

O nosso deserto não é igual ao das areias do Neguev ou do Saara. Nosso deserto é o lugar onde somos levados a refletir sobre nossas ilusões, as expectativas infantis que nos mantêm alienados, inclusive de pessoas que amamos; os medos que mascaramos ou sublimamos em nossa busca frenética por realização e entretenimento. No deserto, não temos um caminho claro e seguro, nenhuma distração, nada que nos excite. Nele, o futuro é incerto, nos vemos vulneráveis e fragilizados, e experimentamos a força das trevas interiores do medo.

Por outro lado, o deserto é o lugar do encontro com Deus, da rendição do orgulho e da ilusão de sermos senhores do nosso destino. É o lugar da companhia divina, do silêncio diante de Deus, onde a quietude nos ajuda a reconhecer a presença dele. O silêncio que nos torna mais atenciosos à voz de Deus. Para sermos livres, precisamos nos afastar, por um tempo, do mundo dos homens para entrarmos, a sós, no mundo de Deus. Um tempo no qual as paixões, tensões, pressa, vão, lentamente, cedendo espaço para percebermos a realidade à luz da eternidade e restabelecermos o valor correto das coisas. No deserto, reduzimos nossas necessidades àquilo que é essencial.

A enfermeira americana Bronnie Ware escreveu um livro sobre os “cinco maiores arrependimentos ou lamentos de pacientes terminais”. Depois de acompanhar por vários anos estes pacientes, ela listou aquilo que eles gostariam de ter feito e não fizeram, como: ter mais tempo para os amigos e não ter trabalhado tanto. O deserto deles trouxe uma outra dimensão de suas reais necessidades.

Na solidão do deserto, descobrimos a suficiência da graça de Deus. Teresa de Ávila (1515--1582) descreveu num poema sua experiência no deserto:

Nada te perturbe,
Nada te espante.
Tudo passa.
Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem tem a Deus,
Nada lhe falta.
Só Deus basta.

Nossa necessidade primeira é Deus. De tudo o que aprendemos no deserto, a lição mais importante é que aquilo de que mais necessitamos encontramos na comunhão com Deus. A experiência do deserto nos conduz ao autoesvaziamento, ao desapego dos ídolos que nos oferecem a falsa segurança, e à completa submissão a Deus e aos seus caminhos. Aprendemos a ver a vida desde a perspectiva da eternidade, o que nos ajuda a colocar em ordem nossos valores.

A verdadeira liberdade nasce do deserto. Foi no deserto que Jesus reafirmou a identidade dele e seguiu livre para realizar a missão dele em obediência ao Pai. Não precisou usar nenhum artifício para se autopromover. Foi livre para fazer o que tinha de fazer, assumir a cruz e, no fim, morrer. O deserto nos liberta dos falsos deuses, das mentiras e ilusões que nos fazem pessoas controladoras e manipuladoras. Rompe com a falsa sensação de que temos controle sobre o nosso destino. O deserto nos torna pessoas mais verdadeiras, livres, e mais conscientes de nossa total dependência de Deus.

Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de, entre outros, A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja.

Fonte: Editora Ultimato

terça-feira, 22 de julho de 2014

Trecho do livro O Fim da Memória de Miroslav Volf


(...) "Realizado, protegido e satisfeito na vida divina, o eu pode renunciar a si mesmo e suas memórias de injustiças sofridas e culpa contrída. Contudo, ele não permanece simplesmente com o seu Deus. Se está verdadeiramente em Deus pela fé, estará no próximo pelo amor, argumenta Lutero, porque Deus é amor. Esse eu age como "Cristo" em relação ao próximo - perdoa as transgressões e abraça o próximo no amor.

Será que alguma coisa do eu se perde por situar-se em Deus e no próximo e, portanto, por não estar colado ao seu passado?

Nada se perde, excepto aquilo que esse eu julgar acertadamente dispensável - uma "perda" voluntária, para usar a terminologia pregada pelo apóstolo Paulo em Filipenses 3:7. Muito se perderia se o eu simplesmente descartasse seu passado e o abandonasse em troca de "estar em Deus". Nossa vida não teria então nenhum sentido. Mas estar em Deus não é uma alternativa para viver no tempo, de modo que teríamos de escolher uma ou outra coisa.

Mais precisamente, estar em Deus liberta a vida da tirania que o passado inalterável exerce com sua mão de ferro de irreversibilidade do tempo. Deus não retira nosso passado; Deus no-lo devolve - fragmentos recolhidos, histórias reconfiguradas, eus verdadeiramente redimidos, pessoas para sempre reconciliadas."

trecho do livro O Fim da Memória - interrompendo o ciclo destrutivo das lembranças dolorosas, pág. 191

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Paz com Deus

"Paz com Deus" é um Best Seller de Billy Graham, um livro para chegar às mãos e ao coração de um mundo perdido, confuso e à deriva...

Epidemia de “crendismo fácil”?


Entrevista a Billy Graham

O evangelista fala sobre obediência, céu e inferno e sobre sua campanha My Hope (Minha Esperança).

07 de Novembro de 2013
Fonte: Cristianismo Hoje, publicado em Entrevistas Internacionais 

No apogeu de seu ministério de cruzadas, Billy Graham viajava pelo mundo todo pregando para grandes multidões. Agora, apesar de confinado em sua casa nas montanhas do oeste da Carolina do Norte, o evangelista ainda é capaz, através da tecnologia moderna, de continuar proclamando o evangelho. Novembro marca o início da campanha "My Hope America with Billy Graham", um curso de evangelismo em vídeo projetado para uso individual ou de pequenos grupos. Em conjunto com o lançamento da campanha, Graham lançou o que pode ser o seu último livro, The Reason for My Hope: Salvation. Christianity Today perguntou a ele sua opinião sobre o estado atual da fé cristã e sobre sua confiança, em meio à confusão teológica e cultural, na mensagem essencial do evangelho.

Você se considera, em primeiro lugar, um evangélico ou cristão? Por quê?

O que realmente importa é como Deus me vê. Ele não está preocupado com rótulos; ele está preocupado com o estado da alma humana. A Bíblia diz que sou, antes de tudo, um pecador. "Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus". (Romanos 3:23). Mas devido à graça salvadora que Jesus estendeu a mim, e ao meu arrependimento do pecado, me tornei seu filho – sendo salvo pelo sangue do meu Salvador na cruz. Naquele momento, eu entrei em um relacionamento com ele que transformou a minha vida. Aqueles que lerem The Reason for My Hope verão claramente nas escrituras como ser salvo e viver a vida cristã.
Jesus Cristo é meu Senhor e Mestre. Eu me arrependi de meu pecado, entreguei minha vida a Cristo e procuro diariamente obedecer à sua Santa Palavra. Eu sou seu seguidor. Antes da minha conversão, em 1de novembro de 1934, como conto no livro, eu sempre me considerei cristão. Foi só quando fui confrontado e convencido do meu pecado que percebi que Cristo faz a diferença na vida daqueles que não apenas se dizem cristãos, mas que obedecem à Sua Palavra. Se não houver mudança na vida de uma pessoa, ela deve se perguntar se de fato tem a salvação que o Evangelho proclama. Muitos dos que vão à igreja não experimentaram uma transformação de vida em Cristo. Aqueles que não fazem parte da igreja esperam que os seguidores de Cristo vivam de maneira diferente, no entanto, muitas pessoas que estão na igreja estão indo atrás do mundo – não para ganha-lo para Cristo, mas para serem iguais a ele. Isso é muito perigoso e a Bíblia fala sobre o resultado trágico que tal atitude traz.
No Novo Testamento, quando as pessoas ouviam a verdade que Jesus ensinava e recebiam a gloriosa dádiva do perdão e da esperança de vida eterna no Céu, as outras pessoas que observavam a mudança em suas vidas, as chamavam de cristãs – seguidoras de Cristo. (Atos 11:26). Assim como Jesus veio voluntariamente para salvar a humanidade do pecado, eu, de bom grado, o sirvo e procuro glorifica-lo com minha vida, porque sou um filho do Rei. Sermos chamados de cristãos deve fazer com que nos identifiquemos com as exigências que Cristo faz àqueles que lhe pertencem. Ele diz que pagamos um preço por segui-lo.
A minha pregação é de evangelista e eu sinceramente acredito no ensino fundamental das Sagradas Escrituras. Essa é a base do meu livro. Espero que as pessoas o leiam. Meu desejo é que os leitores compreendam o privilégio e a responsabilidade da vida cristã. Quando Jesus se torna nosso Mestre deixamos de lado nosso velho caminho e passamos a trilhar o seu. Nem sempre é fácil, mas é extremamente produtivo e desafiador, porque aqueles que o seguem tornam-se luzes brilhantes em um mundo repleto de escuridão. É por isso que os cristãos têm esperança. A razão de eu ter esperança para o mundo é porque Cristo morreu pelo mundo inteiro e está chamando os perdidos e cansados para se aproximarem dele. Jesus disse que "veio buscar e salvar o que estava perdido". (Lucas 19:10).

Por que, de acordo com o título do livro, é a salvação a razão da sua esperança?

À medida que fui me aproximando de completar 95 anos de idade, eu sentia uma necessidade de escrever um livro que abordasse a epidemia do "crendismo fácil". A mentalidade que existe hoje é que se as pessoas acreditam em Deus e fazem boas obras, elas vão para o Céu. Mas existem muitas questões que devem ser respondidas. Existem duas necessidades básicas que todas as pessoas têm: a necessidade de esperança e a necessidade de salvação. Não me surpreende nem um pouco que as pessoas creiam com facilidade em um Deus que não faz exigências, mas esse não é o Deus da Bíblia. Satanás têm, de maneira ardilosa, enganado as pessoas, as fazendo acreditar que podem crer em Jesus Cristo sem serem transformadas, mas essa é uma mentira do Diabo. Aqueles que dizem que se pode ter Cristo sem abrir mão de nada estão sendo enganados. Embora eu não seja mais capaz de pregar em um púlpito, Deus colocou no meu coração um desejo ardente de dividir essa mensagem no formato de um livro – mensagem esta que ecoa dentro de mim toda vez que assisto ao noticiário. Quando visito pessoas com diferentes histórias de vida, ouço a mesma pergunta: "O que está acontecendo com o mundo?".
Muitos políticos e líderes do governo já me fizeram essa pergunta. Inúmeros estudantes em campus universitários imploraram para ouvir a verdade. Eu sempre expliquei que o Deus Todo-Poderoso é o arquiteto da Terra, o Criador da humanidade e quem formou a alma. Ele é o Princípio e o Fim, o Doador e Consumador da Fé. Todas as respostas estão na Palavra revelada de Deus. A salvação é uma dádiva de Deus para o mundo, mas a dádiva do Seu amor e perdão deve ser aceita em Seus termos – não nossos. Dádivas nunca são forçadas, pois são oferecidas e recebidas. Muitos hoje dizem que a ideia de redenção é antiquada. Escrevo no livro sobre Hollywood, e até mesmo sobre futebol americano profissional, adoráveis histórias de redenção. Por quê? Um crítico de cinema afirmou que as pessoas desejam superar aquilo que as aflige no interior. Cristo é o único que pode tirar o desespero que existe dentro de nossos corações. Esta é a razão da minha esperança, que pessoas de todos os lugares abram seus corações à salvação de Cristo – a dádiva redentora que oferece paz e a certeza da vida eterna.

Por que você acha que Deus achou por bem dar-lhe mais tempo na terra antes de chama-lo para o Céu?

Por passar mais de 70 anos viajando e pregando ao redor do mundo, não tive muito tempo para refletir. Mas não importa onde eu estivesse, quando voltava para casa, Ruth estava sempre aqui me esperando. Nós apreciamos esses momentos, e sempre encontrávamos tempo para buscar ao Senhor juntos, nos alegrando com as respostas às nossas orações. Sinto falta dessa comunhão com ela. Ela era uma guerreira de oração e adorava conversar sobre a Bíblia. Ruth foi para o Céu há seis anos e eu acredito que o Senhor me deu esse período da vida para considerar tudo o que ainda resta a fazer e a ser fiel à mensagem de Cristo, enquanto ainda tenho vida. Quer preguemos em um púlpito ou nos sentemos em contemplação silenciosa, há sempre muito mais a aprender à medida que buscamos a face do Senhor. Ao olhar para trás, vejo que houve momentos em que não fui tão forte quanto deveria, mas meu coração e meu ministério sempre estiveram enraizados na Palavra de Deus. A mensagem que eu prego está ancorada no que "a Bíblia diz".
Eu tento usar meus dias para encorajar outros a servirem a Jesus Cristo de todo coração, orando por aqueles que trabalham em seu nome e pedindo que muitos mais respondam ao chamado de Deus para pregar a verdade do evangelho, declarando o que a Bíblia diz. É a verdade. Sua Palavra é vida.

Como você selecionou os temas e ilustrações que tratam tão especificamente das necessidades das pessoas?

Este livro aborda muitas questões e preocupações que pesam no meu coração e, apesar de já ter escrito mais de 30 livros, acredito que este se concentra em questões presentes nas mentes de pessoas de todos os lugares. Há tantas religiões no mundo e eu nunca presenciei tanta confusão como existe hoje sobre onde encontrar a verdade. Vemos pessoas pregando que Deus é um Deus de amor, não de ira. Pessoas que proclamam que o Céu é real, mas que o inferno é apenas um produto da imaginação. À medida que fazia a pesquisa para esse livro, meu coração partia ao ouvir várias pessoas preconizando que o inferno será um happy hour sem fim, comediantes famosos afirmando que estão felizes em saber que irão para lá um dia.
Este livro foi escrito para soar como um aviso – um aviso amoroso do Céu – de que o Céu foi criado para aqueles que se humilham diante de Deus, e o inferno, criado para Satanás e para aqueles que o servem. Cristo veio para livrar a humanidade das amarras que Satanás coloca em suas vidas. Jesus Cristo é a resposta para o mundo – ele é a âncora da alma – ele é o Deus da esperança, que veio em forma humana para nos resgatar das garras de Satanás. Certa vez, um professor de um seminário fez uma declaração profunda para seus alunos: "Nunca pregue sobre o inferno sem ter lágrimas nos olhos". A minha mensagem é proclamar que somos todos pecadores com necessidade de um Salvador e perguntar a cada um esta pergunta: Você já foi salvo?

Em seu livro, você levanta a seguinte questão: Quem se recusaria de ser livrado de uma tragédia? Por que isso?

Não parece razoável alguém recusar ser resgatado de um navio naufragando, mas algumas pessoas já fizeram isso, por não acreditarem realmente que se afogariam. Da mesma maneira, o mundo está cheio de pessoas que não acreditam que se morrerem em pecado irão para o inferno e, portanto, se recusam a serem salvas pela Cruz do Senhor Jesus Cristo.
Eu conheci muitas pessoas interessantes e escrevo sobre algumas delas no livro, como o herói de guerra americano Louis Zamperini, que foi resgatado do Oceano Pacífico apenas para ser capturado pelo inimigo durante a Segunda Guerra Mundial. Mas ele descobriu mais tarde que um inimigo ainda maior controlava a sua alma, e ele não estava disposto a ser liberto do alcoolismo até encarar o inimigo e ser resgatado pelo amor salvador de Deus.
Assim que comecei a trabalhar no livro, o Costa Concordia afundou na costa da Itália. Um terror como esse, que atinge os corações humanos, é indescritível. De repente, as pessoas começam a perceber que a "vida boa" não pode salva-las. Elas gritam por socorro, mas aqueles à sua volta estão na mesma situação e não podem ajuda-las. Onde podem conseguir auxílio? Este é o estado do nosso mundo, e o único que pode salvar é aquele que nasceu com esse único propósito, como nos conta a história do Natal. "E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". (Mateus 1:21).
A Bíblia continua sendo o livro mais vendido de todos os tempos, e ainda assim as pessoas se recusam a acreditar. Elas se recusam a aceitar o maior presente que já foi oferecido à humanidade. Por quê? Porque isso exige a confissão do pecado e a entrega total de nossa vida egoísta. Exige o arrependimento do pecado contra Deus. Muitos preferem viver ao máximo durante o curto período aqui na terra, na esperança de que não exista um inferno de sofrimento na vida após a morte. Elas acreditam na mentira do Diabo de que nada acontece depois que morremos. Mas Jesus falou mais sobre o inferno do que sobre o Céu. É por esse motivo que eu passei a minha vida convidando as pessoas do mundo: Venha a Jesus como você é, e ele lhe receberá e fortalecerá a cada passo do caminho.

Você escreve que o "pecado está na moda". O que quer dizer com isso?

Na sociedade do século 21, as pessoas fizeram uma transformação no pecado, o chamando de erro. Deus chama de iniquidade. É uma doença da alma. A sociedade geralmente deseja fazer campanha contra doenças, levantar dinheiro para erradica-la. Mas a doença do pecado é celebrada e glorificada pela sociedade, especialmente dentro da cultura popular atual, e o preço que se paga nos âmbitos físico, emocional e espiritual é totalmente ignorado. A sociedade pode se gabar de que o "pecado está na moda", mas a verdade é que o pecado está em você, em mim e em todas as pessoas.
A mídia secular conta, frequentemente, histórias de homens e mulheres que cometem crimes horríveis, e a humanidade exige que essas pessoas paguem pelo que fizeram. No entanto, a humanidade se ressente por Deus exigir que paguemos pelos pecados cometidos contra Ele. Deus se mostra um Pai amoroso ao enviar o seu próprio sacrifício, seu único Filho, para morrer no lugar do homem, pagando a penalidade do pecado que a Bíblia diz que "tão de perto nos rodeia". (Hebreus 12:1). Muitas pessoas que transgridem as leis de Deus se ressentem por seus pecados serem julgados por um Deus justo. Rejeitamos a ideia de nossas próprias transgressões, mas quando se trata de faltas cometidas em um jogo de futebol, por exemplo, nós aceitamos as regras; na verdade as amamos. Se estamos torcendo pelo nosso time e a equipe adversária comete uma falta, nós comemoramos. Isso está no coração do homem, mas posso garantir que Deus não se alegra quando cometemos faltas (pecados) contra Ele. Seu coração se entristece. O pecado é veneno e destrói. A salvação é o antídoto que purifica.

A sociedade de hoje é obcecada pela tecnologia, tema que você comenta em detalhes. Existe uma visão bíblica acerca da tecnologia?

A Bíblia declara que "não há nada de novo debaixo do sol" (Eclesiastes 1:9). Nada surpreende Deus. Ele permite que sua criação explore os recursos que ele nos deu na terra. Nós certamente observamos a infinidade dos recursos de comunicação explodir quando entramos no século 21. Eu sempre amei a arte da comunicação, e não há dúvida de que meu ministério se beneficiou muito através da utilização da amplificação e ampliação em arenas e estádios ao redor do mundo. A televisão e o rádio permitiram que o evangelho alcançasse os confins da terra, como a Bíblia previu. Mas apesar de Deus permitir que venham bênçãos de invenções tão grandiosas, como dispositivos móveis e sem fio, Satanás também tem usado a tecnologia para avançar, de maneira inteligente, o seu engano. Há gerações hoje que se orgulham de sua capacidade de se comunicar instantaneamente através do Facebook ou Twitter, mas são incapazes de se comunicar pessoalmente. As pessoas estão encontrando consolo sentadas em frente à tela do computador dispostos a falar com estranhos sobre qualquer coisa, através da comunicação eletrônica, mas não acreditam que Deus pode ouvir seu clamor de solidão, tristeza e dor.
Um presidente da Universidade de Harvard, uma vez me disse que o que os jovens mais desejam é "pertencer". Multidões estão dispostas a pertencer a praticamente qualquer coisa, exceto a Deus. A raça humana sempre esteve em uma busca por verdade e aceitação, no entanto, homens e mulheres não estão dispostos a aceitar Aquele que é a verdade. Em vez disso, estão se voltando para uma nova mistura de fé que está na moda, um pouco de cristianismo, um pouco de budismo e um pouco de nova era. Esse é um truque do diabo, que adora misturar um pouco da verdade com suas mentiras. A Bíblia nos adverte sobre isso e nos diz que devemos nos agarrar à verdade e lutar pela fé. "Nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios... tendo cauterizada a sua própria consciência". (1 Timóteo 4:1-2).
Mas a tecnologia é um presente de Deus quando é usada para proclamar o evangelho. É por isso que estou animado com o My Hope, um programa evangelístico desenvolvido pelo nosso ministério e que tem sido usado em todo o mundo. Através de todos os meios confiáveis de comunicação, estamos proclamando as Boas-Novas de que Deus ama os pecadores e chama homens e mulheres de todos os lugares a se arrependerem e se voltarem a Ele, recebendo a verdadeira esperança que vem de Deus. Tenho me preparado há meses para pregar essa mensagem através do My Hope America, um especial de televisão que será assistido nos lares de toda a nação americana na semana do meu aniversário de 95 anos. Não consigo pensar em nada melhor para comemorar mais um ano de vida do que proclamar a verdade de Deus. Oro para que todos os cristãos abram suas casas para seus familiares e vizinhos que precisam de Cristo e assistam o que Deus está fazendo nos dias de hoje, que podem até parecer tenebrosos, mas que estão cheios de esperança.
Essa é a mensagem do livro e do nosso próximo especial de televisão desse ano. "Esperança e mudança" tornou-se um clichê nos Estados Unidos nos últimos anos. No livro, eu escrevo sobre as decepções que os americanos experimentaram quando a esperança e a mudança prometidas pelos homens falharam. Mas não há nenhuma decepção no Deus da esperança. A Bíblia diz que é em Jesus, o Filho de Deus, que o mundo pode ter esperança e que o "Deus da esperança" pode nos encher de alegria e paz em nossa crença nessa grande verdade por meio de seu poder. (Romanos 15:12-13).

Sessenta anos atrás, você acordou no meio da noite com um sonho de começar a revista Christianity Today. A revista ainda está em circulação, agora alcançando milhões de pessoas, juntamente com uma série de publicações irmãs. Isso é surpreendente e encorajador para você?

Eu agradeço a Deus e dou toda a glória a Ele por todos os meios que levam a Sua mensagem aos corações e mentes das pessoas. A Christianity Today tem sido boa para mim e para o ministério que Deus nos deu. Estou grato pela revista estar apoiando My Hope. Agradeço pela oportunidade de compartilhar sobre esse livro que é tão importante para meu coração.
É sempre um prazer ler artigos que exaltam a Jesus Cristo e indicam as pessoas à cruz, e eu encorajo os editores, escritores, colaboradores, pesquisadores e o conselho de administração a sempre manterem Cristo no centro de tudo. Honremos a ele, e a ninguém mais.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O advento da humildade


O advento da humildade

A humildade é tão tímida! Se começamos a falar sobre ela, já não existe mais.
Se nos perguntarmos 'sou humilde?', já não o somos mais.

22 Junho 2011, Escrito por  Tim Keller, Publicado em Espiritualidade na CristianismoHoje

Inúmeros teólogos, estudiosos e admiradores ressaltam as circunstâncias humildes do nascimento de Jesus: entre pastores, num tosco estábulo, um cocho servindo de berço. Quando Jesus tentou resumir por que as pessoas deveriam tomar a sua cruz ao segui-lo, disse que era por ele ser manso e humilde (Mt 11:29). Raramente, no entanto, exploramos todas as implicações da humildade radical de Jesus para nosso viver diário.

A humildade é crucial aos cristãos. Só podemos receber Cristo por meio da mansidão e humildade (Mt 5:3,5; 18:3,4). Jesus humilhou-se a si mesmo e foi exaltado por Deus (Fl 2:8-9); portanto, a alegria e a força por meio da humildade é a verdadeira dinâmica da vida cristã (Lc 14:11; 18:14; I Pe 5:5).

O ensino parece simples e óbvio. O problema é que precisamos de muita humildade para entender a humildade e de muito mais para resistir ao orgulho que vem tão naturalmente com a discussão deste assunto.

Estamos num terreno escorregadio, pois a humildade não pode ser alcançada diretamente. Uma vez que nos tornamos conscientes do veneno do orgulho, começamos a percebê-lo ao nosso redor, tanto nos tons sarcásticos e peçonhentos das colunas de jornais e blogs quanto nos nossos vizinhos e alguns amigos ciumentos, autopiedosos e ostensivos.

Então prometemos não falar ou agir dessa forma. Se percebermos “uma modesta mudança de atitude” em nós mesmos, imediatamente nos tornamos presunçosos – mas isso é o orgulho em nossa humildade. Se nos pegamos fazendo a mesma coisa de novo, ficaremos particularmente impressionados com quão sugestivos e sutis nos tornamos.

A humildade é tão tímida! Se começamos a falar sobre ela, já não existe mais. Se nos perguntarmos “sou humilde?”, já não o somos mais. Examinar nosso próprio coração, até por orgulho, geralmente nos leva a ter orgulho de nossa diligência e circunspecção.

A humildade cristã não significa pensar menos em si. É pensar menos de si, como tão memoravelmente disse C.S. Lewis. É não ficar o tempo todo observando a si próprio ou como você está se saindo com alguma coisa ou de que forma está sendo ameaçado. É um “auto-esquecimento abençoado”.

A humildade é subproduto de crermos no evangelho de Cristo. No evangelho, temos uma confiança não baseada em nosso desempenho, mas no amor de Deus em Cristo (Rm 3:22-24). Isso nos liberta de ter de ficar sempre nos avaliando. Porque Jesus teve de morrer por nós, colocamo-nos abaixo de nosso orgulho. Porque Jesus teve prazer em morrer por nós, amamo-nos além da necessidade de provar qualquer coisa a nós.

Graça, não benevolência – Corremos riscos quando discutimos sobre a humildade, pois a religião e a moralidade inibem a humildade. É comum na comunidade evangélica conversar sobre o ponto de vista mundano – um conjunto de crenças básicas e promessas que permeiam a maneira como vivemos em cada circunstância. Outros preferem o termo “identidade narrativa”. É um conjunto de respostas às perguntas “quem sou eu? O que é a minha vida? Por que estou aqui? Quais são as principais barreiras que me impedem de me sentir pleno? Como posso lidar com essas barreiras?”.

Há duas identidades narrativas básicas em voga entre os que professam ser cristãos. A primeira é o que chamo de identidade narrativa de desempenho moral: as pessoas que dizem do fundo de seus corações “eu obedeço, portanto, sou aceito por Deus”. A segunda é o que vou chamar de identidade narrativa da graça. O princípio básico dessa operação é “sou aceito por Deus por meio de Cristo, portanto, obedeço”.

As pessoas que vivem sobre as bases desses dois princípios diferentes podem superficialmente se parecerem iguais. Podem se sentar bem ao lado uma da outra num banco de igreja, esforçando-se para obedecer à lei de Deus, orar, dar dinheiro generosamente, ser bom com os membros familiares. Mas, no fundo, estão fazendo por motivos radicalmente diferentes, com inspirações radicalmente diferentes, resultando em caracteres de personalidade radicalmente diferentes.

Quando as pessoas que vivem baseadas numa narrativa de desempenho moral são criticadas, ficam furiosas ou devastadas, porque não conseguem tolerar as ameaças às suas auto-imagens de serem “boas pessoas”.

No evangelho, nossa identidade não é construída sobre esse tipo de imagem e temos um peso emocional de ter que lidar com a crítica sem dar o troco. Quando as pessoas vivem firmadas na narrativa de desempenho moral, baseiam seu valor próprio por serem trabalhadoras ou teologicamente irrepreensíveis e, então, precisam desprezar aquelas que são consideradas preguiçosas ou teologicamente fracas.

Mas há aqueles que entendem que, de acordo com o evangelho, não se pode desprezar ninguém, pois foram salvas por pura graça, não por suas doutrinas perfeitas ou forte caráter moral.

O fedor do moralismo – Outra marca da narrativa de desempenho moral é a constante necessidade de encontrar falhas, vencer argumentos e provar que todos os seus oponentes não estão somente enganados, mas são traidores desonestos. No entanto, quando o evangelho é compreendido profundamente, nossa necessidade de vencer argumentos é dispensada e nossa linguagem se torna graciosa. Não precisamos ridicularizar nossos oponentes e passamos a lidar com eles respeitosamente.

As pessoas que vivem baseadas na narrativa de desempenho moral se valem de um humor sarcástico e farisaico ou não têm nenhum senso de humor. Lewis fala de “uma concentração sisuda sobre si próprio, que é a marca do inferno”. O evangelho, entretanto, cria um senso gentil da ironia. Encontramos motivos para rir, a começar pelas nossas fraquezas. Elas já não nos ameaçam mais, pois nosso valor derradeiro não está baseado em nossos recordes ou bons desempenhos.

Um discernimento básico de Martinho Lutero foi que o moralismo é um defeito do coração humano. Mesmo os cristãos que acreditam no evangelho da graça em primeira instância podem continuar a operar como se tivessem sido salvos por seus próprios méritos. Em “O grande pecado”, na obra Cristianismo puro e simples, Lewis escreve: “Se achamos que a nossa vida religiosa está nos fazendo sentir que somos bons – e acima de tudo, que somos melhores que os outros – creio que podemos ter a certeza de estar agindo não de acordo com Deus, mas com o diabo”.

Graça e humildade que nos levam a esquecer de nós mesmos deveriam ser as coisas preliminares a distinguir os cristãos de muitos outros tipos de pessoas morais e decentes do mundo. Mas acho que é justo dizer que a humildade, principal marca diferenciadora do cristão, está muito em falta na igreja. Os não crentes, ao detectar o fedor do moralismo, vão embora.

Alguns podem dizer “o farisaísmo e o moralismo não são nossos maiores problemas culturais no momento. Nossos problemas são a liberdade e o antinomianismo. Não há necessidade de falar sobre a graça o tempo todo para pós-modernizar as pessoas”. Mas as pessoas pós-modernas têm rejeitado o cristianismo durante anos, achando que não é diferente do moralismo. Somente se você mostrar-lhes que há uma diferença – o que eles rejeitaram não era o verdadeiro cristianismo – talvez, então, elas comecem a ouvir novamente.

Renove sua humildade aqui – Esse é o ponto em que o autor deve apontar soluções práticas. Não tenho nenhuma. Aqui vão os porquês.

Primeiro, o problema é muito grande para soluções práticas. A ala da igreja que está mais preocupada com a perda da verdade e com comprometimentos é, na verdade, infame em nossa cultura por seu farisaísmo e orgulho. Entretanto, há muitos em nossos círculos que, reagindo ao que eles entendem por arrogância, desviam-se das muitas doutrinas protestantes clássicas (como Justificação Legal e Reparação Substitutiva) que são cruciais e insubstituíveis – e também dos melhores recursos possíveis para a humildade.

Segundo, falar diretamente sobre maneiras práticas de se tornar modesto, tanto a indivíduos como comunidades, é sempre um tiro pela culatra. Afirmei que as principais alas da igreja evangélica estão erradas. Então quem sobra? Eu? Estou começando a pensar que somente poucos, os poucos felizes, alcançaram o equilíbrio de que tanto a igreja precisa? Acho que estou ouvindo algo murmurando em meus ouvidos: “sim, apenas você pode realmente ver as coisas com clareza”.

Realmente espero esclarecer, ou nem teria escrito sobre esse assunto. Mas não há maneira de se começar a falar às pessoas sobre como se tornar modesto sem destruir os fragmentos de humildade que elas possam já possuir.

Terceiro, a humildade só é alcançada como um produto derivado do entendimento, da crença e do maravilhamento sobre o evangelho da graça. Mas o evangelho não nos modifica de modo mecânico. Recentemente, ouvi um sociólogo dizer que, para a maior parte, as estruturas de significado para as quais direcionamos nossas vidas estão tão profundamente intrínsecas em nós que operam “pré-refletivamente”. Não existem apenas como uma lista de proposições, mas também como temas, motivos e atitudes. Quando ouvimos o evangelho sendo pregado ou meditamos nas escrituras, estamos sendo levados tão profundamente aos nossos corações, imaginações e pensamentos que começamos a instintivamente “viver” o evangelho.

Então vamos pregar sobre a graça até que a humildade comece a crescer em nós.

Tim Keller é pastor da Igreja Presbiteriana Redeemer em Manhattan, Nova York, e autor de diversos livros.


Copyright © 2011 por Christianity Today International

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Família: projecto de Deus



Palestrante: Jaime Kemp

Temas: Família, projecto de Deus e palestras variadas.

Oportunidade a não perder!


Data: 9 de Novembro

Local: Rua da Escola, 33
3030 Rocha Nova / Coimbra

Horário 1ª Palestra: 18:30h-19:30h
Horário 2ª Palestra: 20:00h-21:00h

Organização: Cláudio Martinowski
Cooperação: Igreja Evangélica em Rocha Nova e CLC Portugal

Jaime Kemp é americano, proveniente da Califórnia. Formou-se no Western Seminary - Portland, Oregon, e na Universidade Biola - Califórnia, onde também recebeu o doutorado em "Ministério da Família".

Em setembro de 1965 casou-se com Judith. Um ano e meio depois, em 1967, vieram para o Brasil como missionários da Sepal e iniciaram um grande trabalho de orientação à juventude brasileira, fundando a missão "VENCEDORES POR CRISTO". Jaime e Judith possuem três filhas e dois netos. Saindo da Sepal, em 1998, Jaime Kemp fundou oficialmente a Sociedade Religiosa Lar Cristão. É escritor com 40 títulos editados por várias editoras cristãs brasileiras.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Uma mensagem poderosa e comovente que destaca a graça inimaginável do nosso Pai celestial

Comovente, compassivo e finalmente triunfante, esta história real mostra como, com fé, cada pessoa pode deixar o passado para trás e avançar rumo a relacionamentos mais felizes e saudáveis.

Para ler um trecho deste livro, clique aqui. (formato pdf)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Osmar Ludovico em Portugal dias 6, 7 e 8 de Setembro!

Encontro Espiritualidade Cristã
Para mais informações contacte-nos para:
239833391 ou para clcportugal.coimbra@gmail.com

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Meditação Cristã

Entrevista com Osmar Ludovico

A meditação cristã é foco da recente obra de Osmar Ludovico, Meditatio, publicada pela Editora Mundo Cristão. Osmar foi nosso convidado para uma entrevista sobre a importância dos momentos de silêncio e meditação na vida dos líderes cristãos, e como chegar nestes momentos, vivendo-os intensamente. Nos últimos trinta anos, Osmar pastoreou as Comunidades de Jesus em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Estudou no seminário Palavra da Vida, em Atibaia, e participou de cursos com John Stott, na Inglaterra, e com Hans Bürki, na Suíça. Atualmente dirige cursos de espiritualidade, revisão de vida e seminários para casais, pastores e missionários. Confira a entrevista:

Em suma, o que caracteriza a meditação bíblica?

Osmar Ludovico - A meditação cristã é uma das mais significativas páginas da História da Igreja. Foi muito utilizada e praticada pela Monástica e  sistematizada na Lectio Divina pelo monge cartuxo Guigo II (1173-1180). Hoje é também conhecida como Meditação Cristã ou Leitura Orante das Escrituras. Guigo II utiliza a idéia de uma escada para a prática da Lectio Divina, sugerindo uma subida para um encontro no alto, no monte de Deus e logo uma descida para um encontro nas profundezas, no fundo do coração.

E quais seriam os “degraus” desta escada?

Osmar Ludovico - Statio (preparação), Lectio (leitura), Meditatio (meditação), Oratio (oração), Contemplatio (contemplação), Discretio (discernimento), Collatio (compartilhar) e Actio (ação) são os degraus desta milenar tradição de ler a Bíblia. Estes passos constituem um movimento integrado em que cada degrau conduz ao outro. Lentamente, saboreando cada passo, em direção ao topo para em seguida descer ao vale, voltar ao concreto e ao cotidiano. Assim diz Guido: “A leitura – Lectio – é o estudo atento da Escritura feito com um espírito totalmente orientado para sua compreensão. A meditação – Meditatio – é uma operação da inteligência, que se concentra com a ajuda da razão, na investigação das verdades escondidas. A oração – Oratio – é voltar com fervor o próprio coração para Deus para evitar o mal e chegar ao bem. A contemplação – Contemplatio – é uma elevação da alma que se levanta acima de si mesma para Deus, saboreando as alegrias da eterna doçura. E completa: “A leitura leva à boca o alimento sólido, a meditação corta-o e mastiga-o, a oração saboreia-o, a contemplação é a própria doçura que alegra e recria”.

Então não se trata de simplesmente realizar um estudo bíblico?

Osmar Ludovico - Não. O objetivo não é um estudo bíblico ou uma exegese. É leitura bíblica que nos conduz a uma experiência de encontro com Deus e a uma experiência de oração., como descrito em Êxodo 33.11: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer um fala ao seu amigo”. O propósito da Lectio Divina não é, simplesmente, aumentar o nosso conhecimento intelectual, mas nos levar a um encontro vivo com Jesus Cristo. Tal encontro não nos deixa ilesos, mas faz com que nossa pobreza espiritual aflore, nossos pecados venham a tona, bem como nos indica o caminha da transformação de nossas vidas.

Qual o maior benefício que os momentos de silêncio, recolhimento e meditação podem trazer à vida e ao ministério dos pastores e líderes cristãos, geralmente tomados pelo ativismo das programações e responsabilidades ministeriais?

Osmar Ludovico - Somente quando entramos numa silenciosa e solitária é que somos levados ao coração de nós mesmos e ao coração de Deus. Aí sintonizamos com a presença silenciosa de Deus em nós, numa relação de amor, onde somos acolhidos e amados. Deste lugar sereno, no fundo da nossa alma, na solitude e no silêncio, jorra uma fonte de eterna satisfação e alegria, que nos conduz à experiência amorosa e livre de encontro com o outro, o meu semelhante. É só quando sei estar sozinho diante da face silenciosa e amorosa de Deus, é que minha narrativa é transformada, minha linguagem deixa de ser explicativa, argumentativa para se tornar a linguagem da intimidade.

Sites de buscas, que nos levam em segundos aos milhares de sites de estudos bíblicos e sermões prontos, bíblias cada vez mais completas e diversificadas...O senhor acredita que tantos recursos disponíveis hoje aos pastores e líderes os têm afastado deste caráter meditativo sobre a Palavra de Deus?

Osmar Ludovico - Acredito que sim. O ministério é baseado em técnicas e produção mental. Perdeu-se a dimensão da intimidade e do coração. Na maior parte do tempo, os programas de treinamento e capacitação são baseados em técnicas seculares para aprimorar habilidades, aumentar o desempenho e maximizar os resultados. Ou seja, um conceito de mercado. A proposta e a linguagem destes programas é, geralmente, distante do projeto de Jesus de Nazaré. Com isto, corremos o risco de ver uma geração de pastores eficientes no domínio de técnicas de gerenciamento, marketing e formação de equipes vencedoras, mas com uma vida espiritual e familiar precárias.

Sua obra Meditatio (brevemente disponível) reúne vários textos gerados em seus momentos de silêncio e meditação. O senhor comenta sobre Davi, que escrevia seus sentimentos e canções, que compõem o livro de Salmos. Escrever, registrando o que se medita nos momentos de silêncio, deve ser uma prática na vida dos pastores?

Osmar Ludovico - Não quero dar receitas, mas simplesmente lembrar que a revelação de Deus se apóia numa palavra que foi escrita. Escrever nossas orações nos ajuda a sermos mais específicos, a sermos mais poéticos, e ao longo do tempo possibilita um acompanhamento do nosso itinerário biográfico, emocional e espiritual.  Aprendemos a orar com os Salmos, que é um diário de orações de homens como Davi, Core e Moisés. Estes salmos nos conduzem ao centro da oração: o temor, o desejo, os afetos, a realidade humana. Temor não é medo que afasta, mas uma profunda reverencia e respeito diante daquele que não compreendemos completamente, daquele que se revela, mas que continua envolto no mistério, pois não suportaríamos sua presença plena. É o inefável, o inominável, o inescrutável. O desejo porque fazemos contato com aquela saudade infinita escondida no nosso coração e lançamos sobre Deus todo nossa busca existencial e espiritual como o náufrago se agarra à bóia. O afeto porque Deus é amor, é Trindade Santa, Pai, Filho e Espírito Santo intimamente ligados e interpenetrados. Deus que subsiste em si mesmo amando entre os três, e desejando que o amemos e que vivamos amorosamente entre nós. E finalmente porque tudo isto se situa além do racional e do cognitivo. A oração é poesia, é cântico. É feita de metáforas como alguém que, tendo visitado um país estranho e desconhecido, só pode contar aquilo que viu através de comparações.

Com tantos anos de experiência como pastor, o senhor tem algum conselho para que os pastores consigam se “desligar” dos problemas das ovelhas, das solicitações, dos convites...e simplesmente se aquietarem para ouvir a Deus?

Osmar Ludovico - O ativismo é fruto de um coração inquieto e ambicioso. Resgatar o tempo sabático, isto é, parar para celebrar a vida, sem nenhum compromisso, trabalho ou solicitação é um mandamento do Deus. Jeremias 31.3 fala do amor eterno, sem pressa. Deus anda lentamente porque é eterno, não tem a limitação da cronologia. Na mitologia grega o deus Cronos devora seus filhos. O amor tem seu ritmo, precisa de tempo, de um ritmo interior, diferente a velocidade tecnológica dos computadores e do fast-food. Tudo que é mais profundo é lento, é diferente das soluções mágicas e instantâneas, precisa de tempo. A ternura não pode ser dada rapidamente, amizades precisam de tempo para se consolidar, e o perdão é um processo que demanda paciência. Para trilhar um caminho de intimidade e da escuta mais profunda precisamos desacelerar, andar num outro ritmo, sair do frenesi, da euforia e da agitação que nos fragmenta. Significa estar inteiro em cada encontro, em cada palavra, em cada sorriso, em cada lágrima, remindo o tempo e alcançando um coração sábio, pois o tempo é fugaz e o que realmente importa é o quanto nós amamos e fomos amados. Invocar a graça e a ternura eterna de Deus sobre a minha vida é entrar no tempo do descanso, no Schabat, na salvação, no Shalon de Deus, na plenitude.

Fonte: www.institutojetro.com
Título do artigo: Meditação cristã
Autor: Osmar Ludovico

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Encontro Espiritualidade Cristã com Osmar Ludovico!

Marque já na sua agenda os dias 6, 7 e 8 de Setembro!

6 Setembro - Coimbra
7 Setembro - Santa Maria da Feira
8 Setembro - Albergaria-a-Velha

Confira o cartaz para mais informações e confirme a sua presença!

Contactos para mais informações e confirmação de presença:
tel.: 239833391
email: carlos.cunha@clcportugal.com

Organizadores: 
Centro de Literatura Cristã
Igreja SOS Jesus - Portugal
JanzTeam
Encontro Casais com Cristo

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Paz com Deus, o segredo da felicidade

Não foi por mero acaso que este livro se cruzou no seu caminho...

Nota: para mais informações acerca deste livro clique aqui.

"Certamente um dos verdadeiros testes do carácter cristão tem de se encontrar na vida que vivemos no nosso dia a dia."

" (...) embora o Cristianismo não seja primeiramente uma questão de aspectos externos, apesar de tudo encontra expressão nas conversas, nos hábitos, na recreação, na ênfase e nas ambições que se detectam na nossa vida diária."

Billy Graham

"Se estiveres na igreja ao domingo, as pessoas que ali te virem podem presumir que és um cristão. Mas que dizer daqueles com quem entraste em contacto durante a semana nas ruas, no teu escritório, na tua loja e nos múltiplos lugares onde se tornam inevitáveis esses contactos diários? A profissão da ortodoxia cristã tem o seu lugar. A frequência e a activa participação no programa e nas actividades da igreja são uma parte inescapável da vida cristã. Mas todos sabemos que a nossa actividade profissional, a responsabilidade de prover o nosso lar, a rotina diária, tudo se junta para testar a realidade da nossa experiência cristã.

Nesses contactos diários, que vêem os outros? Os nossos contactos diários podem dizer que somos cristãos? Os relacionamentos casuais vêem algo em nós que sugira que somos diferentes dos que não conhecem Cristo?

Certamente um dos verdadeiros testes do carácter cristão tem de se encontrar na vida que vivemos no nosso dia a dia."

Dr. L. Nelson Bell

Fonte: livro Paz com Deus

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Amigos e amantes - série Cruciforme

como cultivar a amizade e a intimidade no casamento.
Como construir e manter um casamento sólido nesses tempos em que vivemos?

Neste livro Joel Beeke apresenta dois ingredientes-chave para um casamento sólido: a amizade e a intimidade sexual.

Tomando como base a sabedoria bíblica, especialmente o livro de Provérbios, o autor espera ajudar casais a se aproximarem tanto emocionalmente quanto fisicamente, tornando-se amigos e amantes em um relacionamento que resplandeça em amor para a glória de Deus.

Leia um trecho do livro clicando aqui(formato pdf)

Leia um trecho do livro clicando aqui. (formato issuu)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Bíblia Valores de Vida - estudos temáticos

PVP: 17,90

Este Livro é um guia fácil e completo que ensina ao seu filho os princípios e valores básicos da vida cristã.

Com ilustrações atraentes:
  • contém 64 lições, divididos em seis temas relacionados diretamente com a formação do caráter cristão.
Todas as Citações e Textos Biblicos foram extraídos da Bíblia Sagrada -Almeida Corrigida Fiel (ACF) Copyright Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil

Capa brochura cinza.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Série Crescimento Espiritual!

Colecção de estudo para desenvolvimento pessoal individual ou em grupo!

Relevante, estruturante e desafiante!

Confira, clicando aqui, os títulos que temos disponíveis para si:

Perdão, A Cruz, Sofrimento, Adoração, etc...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Devocional de bolso para todo o ano!


Exemplo


Fonte: Bíblia Sagrada Presente Diário
23 de Janeiro

Leitura Bíblica:
1 Timóteo 4.6-16

Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, troto, no amor, no espírito, na fé, na pureza (1Tm 4.12).

Certo dia decidi passear na orla da praia com toda a minha família. A única coisa que me preocupava no passeio era o elevado índice de roubos de relógios naquela praia. Precavido, disse ao meu filho de 10 anos: "Guarde o seu relógio, pois o local onde vamos passear é muito perigoso". Imediatamente ele respondeu: "Pai, se é muito perigoso, você precisa guardar o seu relógio também!"

Que tolice a minha, ensinar sem praticar. Eu precisava dar o exemplo para que o ensino fosse coerente.

A primeira carta de Paulo a Timóteo é uma grande orientação acerca do tema "exemplo".
Timóteo era companheiro e ajudante de Paulo. Seu nome significa "Honra a Deus". Diferentemente de muitos de nós, Paulo ensina e pratica. O texto de hoje é categórico no ensino: "Seja um exemplo para os fiéis". Vale ressaltar que a palavra "exemplo" do texto vem do grego, que significa "modelo, imagem, ideal, padrão". Assim, exemplo é aquilo que deve ser imitado, é um modelo a ser seguido. Outro fator interessante neste texto bíblico é que ele destaca também a importância de ser exemplo para os fiéis. Ser exemplo dos fiéis é ir além, é ser referencial àqueles que comungam da mesma fé e prática cristã.

A conduta do cristão é um fator de muita importância no meio em que vive. O cristão pode fortalecer o irmão que o rodeia ou até mesmo enfraquecê-lo, portanto torna-se necessário ser exemplo no falar, no agir, nos relacionamentos, enfim, em tudo. Cabe destacar que a conduta ideal do cristão é aquela permeada dos princípios bíblicos.

Precisamos ter uma conduta exemplar, um modo de viver que sirva de padrão, um comportamento correto. Deus precisa hoje, mais do que nunca, de cristãos que sejam exemplos fiéis na palavra, no trato, no amor, na fé e na pureza. - DMS

A palavra convence, mas o exemplo arrasta!