terça-feira, 22 de julho de 2014
Trecho do livro O Fim da Memória de Miroslav Volf
(...) "Realizado, protegido e satisfeito na vida divina, o eu pode renunciar a si mesmo e suas memórias de injustiças sofridas e culpa contrída. Contudo, ele não permanece simplesmente com o seu Deus. Se está verdadeiramente em Deus pela fé, estará no próximo pelo amor, argumenta Lutero, porque Deus é amor. Esse eu age como "Cristo" em relação ao próximo - perdoa as transgressões e abraça o próximo no amor.
Será que alguma coisa do eu se perde por situar-se em Deus e no próximo e, portanto, por não estar colado ao seu passado?
Nada se perde, excepto aquilo que esse eu julgar acertadamente dispensável - uma "perda" voluntária, para usar a terminologia pregada pelo apóstolo Paulo em Filipenses 3:7. Muito se perderia se o eu simplesmente descartasse seu passado e o abandonasse em troca de "estar em Deus". Nossa vida não teria então nenhum sentido. Mas estar em Deus não é uma alternativa para viver no tempo, de modo que teríamos de escolher uma ou outra coisa.
Mais precisamente, estar em Deus liberta a vida da tirania que o passado inalterável exerce com sua mão de ferro de irreversibilidade do tempo. Deus não retira nosso passado; Deus no-lo devolve - fragmentos recolhidos, histórias reconfiguradas, eus verdadeiramente redimidos, pessoas para sempre reconciliadas."
trecho do livro O Fim da Memória - interrompendo o ciclo destrutivo das lembranças dolorosas, pág. 191
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