A fé cristã é humanitária e não humanista. O humanismo acredita na bondade intrínseca do homem; já a fé cristã afirma que o homem é mau e constantemente mau o seu desígnio. Quando a raça humana caiu, tudo o que permaneceu de bom nela é fruto do ato divino de emprestar, aos humanos, algo dos seus atributos comunicáveis. Ao rompermos com Deus escolhemos ser o oposto dele, logo, escolhemos a maldade como estilo de vida. Agora, como Deus é o lugar onde vivemos, nos movemos e existimos, ao rompermos com Deus, deveríamos ter deixado de existir, uma vez que fora de Deus nada existe ou pode existir. Então, ao rompermos com Deus dois milagres aconteceram conosco: 1- fomos mantidos na existência, logo, fomos mantidos em Deus. 2- algo da bondade de Deus foi depositada em nós, de modo que, embora optando pela maldade, continuamos a saber e fazer o bem de várias maneiras. Essa possibilidade do bem, em nós, não é mais intrínseca à humanidade, é fruto desse depósito de bondade de Deus em nós. Assim, na mesma medida em que não acreditamos que os seres humanos sejam capazes de, por si mesmos, fazer o bem, acreditamos que vale a pena investir na humanidade porque algo da bondade de Deus lhe foi emprestada. O que torna possível a pessoas que não amam a Deus amarem o próximo.
A fé cristã é humanitária, acredita que investir no bem da humanidade vale a pena, porque a bondade de Deus está atuando na humanidade e pela humanidade. A fé cristã não se ilude com a humanidade, mas, ao mesmo tempo, não perde a esperança na humanidade. A fé cristã luta pela humanidade porque sabe que essa é a luta de Deus.
Ariovaldo Ramos é filósofo e teólogo, além de diretor acadêmico da Faculdade Latino-americana de Teologia Integral, missionário da Sepal e presidente da Visão Mundial. É membro da equipe editorial da Edições Vida Nova.
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