terça-feira, 14 de julho de 2009

Sob o domínio da ansiedade


Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma. (Sl 94.19.)

O salmista não sabe informar quando a ansiedade começou a se instalar dentro dele. O processo caminhava lentamente. Mas dava para perceber a diferença de um dia para outro, de uma semana para outra. Quanto mais se multiplicavam e quanto mais demoravam os temores, as preocupações e as angústias, maior era a ansiedade. Até que ele perdeu todo o controle da situação e ficou sob o domínio da ansiedade.

Foram dias difíceis e sofridos, de intenso desgosto. Era uma perturbação emocional que parecia indicar a presença de um conflito, causado quem sabe pela injustiça reinante, pela corrupção generalizada, pelo número desprezível de pessoas sérias.

Antes de a pressão tornar-se insuportável, Deus o visitou e o libertou. Daí a sua oração de gratidão: “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma” (Sl 94.19).

O que aconteceu não foi causado por uma mudança externa, mas por uma mudança interna. Não foi o mundo que mudou. A mudança ocorreu no íntimo: a ansiedade natural foi destronada pelo consolo sobrenatural. O esforço anterior do salmista pouco valeu. Ele precisava da graça misteriosa que sai do trono de Deus e invade todos os escaninhos da alma. No trono antes ocupado pela ansiedade, a graça de Deus entronizou a tranqüilidade, de cuja existência o salmista não duvidava. Pois, no mesmo poema, já havia feito referência a ela: “[Aquele que é disciplinado e ensinado pelo Senhor], tranqüilo, enfrentará os dias maus” (Sl 94.13).

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).

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