quinta-feira, 18 de junho de 2009

Angustiado, inconsolável e inquieto


Quando estou angustiado, busco o Senhor; de noite estendo as mãos sem cessar; a minha alma está inconsolável! (Sl 77.2.)

O ser humano precisa confessar a Deus o que faz de errado. Precisa confessar a sua incômoda propensão pecaminosa. Precisa confessar sua miserabilidade. Mas não deve parar aí. Para seu próprio bem, precisa confessar ainda seus diferentes estados de alma, assim como fez o salmista: “Estou angustiado”, “A minha alma está inconsolável” e “Tão inquieto estou que não consigo falar” (Sl 77.2-4).

Para esse tipo de confissão, não se pode escolher as palavras. Elas têm de fluir naturalmente. Não devem ser estudadas, aparadas, diminuídas, buriladas, atenuadas ou civilizadas. Têm de ser do tipo pão, pão, queijo, queijo. Têm de ser uma espécie de vômito. Pois são perguntas sem respostas, dores sem diagnóstico, medos sem definição, são entraves íntimos e particulares. São problemas incômodos, passageiros ou não. Enquanto represados, estancados, aprisionados, retidos, colecionados, esses dramas íntimos desgastam as energias e vão criando feridas de difícil cura.

O comportamento correto é fazer como aquele aflito que, quase desfalecido, derramou o seu lamento perante o Senhor (Sl 102, “Oração de um aflito que, quase desfalecido, derrama o seu lamento diante do Senhor”). O certo é confessar desinibidamente a Deus: “Estou assustado, inconsolável e inquieto!”

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).

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