quarta-feira, 30 de abril de 2008

Para (melhor) enfrentar o sofrimento

Dia desses, num encontro de jovens casados, um amigo compartilhou com o grupo uma situação vivida por ele. Esse amigo faz doutorado e certa vez enquanto estava no laboratório uma colega lhe fez a seguinte pergunta: “Você que é religioso, cristão, o que me diz? Por que Deus não impediu que uma coisa horrível dessas acontecesse com uma criança?”. Ela se referia ao caso da menina Isabela, de 6 anos, jogada do 6º andar do prédio de seu pai no dia 29 de março.

Não me recordo exatamente da resposta que ele deu à sua colega, mas me lembro que isso mexeu com ele. Aliás, situações semelhantes sempre nos fazem pensar no sentido da vida e de justiça.

Por isso, trazemos hoje trechos do próximo lançamento da Editora Ultimato: “Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento”, de Elben M. Lenz César.

“Nunca é demais abordar o tema do sofrimento. Fascinados por aparentes novidades, muitas pessoas sentem-se atraídas por explicações simplistas, maquiadas por uma lógica superficial, que lhes são oferecidas. Uma delas, baseada em religiões orientais, propõe que o consideremos uma ilusão, fruto de uma deformação perceptiva; bastaria uma nova disposição mental para fazer a dor diluir-se numa paz utópica e distante.

Crenças de natureza espiritualista, bem difundidas em nosso país, tentam explicar o sofrimento pela necessidade do próprio sofrimento, apontando uma seqüência de culpas e castigos expiatórios que avançam pela eternidade. Se o tempo da vida humana é curto, outras oportunidades todos teriam: para sofrer ainda mais!

Uma doce submissão às circunstâncias expressaria sintonia com as forças da natureza, reconhecendo a nossa insignificância diante da pretendida evolução cósmica. Intelectualóides de inspiração estóica assim se afirmam. Outros, por via próxima, sucumbem ao niilismo. Alguns até, em aparente contra-senso, fazem ressurgir suposições animistas, com a pretensão de dominar poderes mágicos atuantes no universo.

Também entre os cristãos há confusão sobre o tema. Há quem nos sugere acolher a dor, e mesmo a morte, como companheiras amáveis, capazes de nos conduzir ao crescimento espiritual. Assim, não é de estranhar que se tenha proposto a busca ativa do sofrimento como meio de expiação e identificação com Cristo. Em direção contrária, aqueles de disposição triunfalista apegam-se à suficiência do sacrifício de Jesus Cristo e dizem não admitir que mal algum os acometa. Uns querem tomar a cruz para si; outros querem um cristianismo sem cruz.

A Bíblia é o livro fundador da nossa civilização e, portanto, deve servir de referência para a consideração acerca deste assunto que nos toca tão de perto. Infelizmente, muitos ainda não a leram. De qualquer forma, sentem-se autorizados a considerá-la ultrapassada, colocando-se prontos a serem arrastados em direções menos confiáveis. Outros a tomam superficialmente, ficando igualmente vulneráveis diante das adversidades.

Nada como voltar a Jó. Melhor ainda, ao próprio Jesus Cristo, que nos ensina a construir nossa vida sobre a rocha que é ele mesmo. Então, quando vierem as tragédias, elas nos encontrarão bem alicerçados e firmes.

Jó, a despeito do seu desespero e da sua rudeza diante do próprio Deus, tinha algo bem estabelecido no seu íntimo: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará” (Jó 19.25). Ele contava com alguém maior e além de si mesmo.”

Fonte: Editora Ultimato

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