Qual é a grande missão do cristão? Em que consiste a “vocação a que foi chamado”? Uma resposta pronta se basearia no “ide” de Jesus. No entanto, nem o versículo acima nem seu contexto falam de evangelismo. Ao buscarmos os antecedentes para o “pois” do versículo (“Rogo-vos, pois”), descobrimos que Paulo está ensinando sobre um mistério, “desde os séculos oculto em Deus” (Ef 3.9).
Mais intrigante ainda é descobrir que esse mistério revela a multiforme sabedoria de Deus e que o público-alvo dessa revelação são “principados e potestades, nos lugares celestiais” (Ef 3.10). O que estaria o Altíssimo ensinando a essas entidades celestiais? Ele está lhes revelando que em Cristo o projeto original de Deus para suas criaturas torna-se, novamente, viável. Em Cristo, a parede de separação, a inimizade, foi destruída. As distâncias criadas pelo ódio, pelo rancor, pelas inimizades e pela indiferença foram vencidas.
Já é possível, novamente, realizar em nosso corrompido planeta o projeto relacional planejado por Deus, antes da fundação do mundo. E esse projeto tem nome: “família de Deus” (Ef 2.19). Sua abrangência e natureza se abstraem de 3.14: “de quem toma o nome toda a família, tanto no céu como sobre a terra”. Uma família cósmica, que tem como pai o Altíssimo. Uma sociedade sobrenatural, capaz de viver em alegre e perene harmonia, como reflexo (glória) da Trindade. Uma entidade de origem divina, que glorifica a Deus pelo simples viver em santidade; que apela ao seu Espírito para isso; que se socorre do seu poder (Ef 2.6) para vencer o egoísmo e o individualismo dos tempos modernos.
Aos membros da família de Deus, Paulo exorta que vivam coerentemente com a vocação a que foram chamados: a vocação familiar, eclesiástica. O chamado é para serem corpo de Cristo, membros desse organismo vivo, galhos dessa parreira, por onde flui seiva santa. Mas como cumprir tão sublime exortação?
Paulo busca a lição no exemplo do próprio Mestre: “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade” (Ef 4.2).
Retirado de “Devocionais Para Todas as Estações” (Editora Ultimato, 2005).
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