terça-feira, 15 de abril de 2008

Artigo de John Owen

Sobre a Comunhão com Deus o Pai, Filho e Espírito Santo

“O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8:16).

“Outro efeito que temos dele, Romanos 8:16 (feito do Espírito Santo, quer dizer), é que “O mesmo Espírito Santo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Vocês sabem de quem nós somos filhos por natureza, filhos de satanás e da maldição, ou da ira. Pelo Espírito somos postos noutra capacidade e adotados para sermos filhos de Deus, visto que, recebendo o Espírito do nosso Pai, tornamo-nos filhos do nosso Pai. Por isso Ele é chamado (versículo 15) “Espírito de adoção”. Agora, porque a alma tem em si restos do princípio que tinha em sua antiga condição, é questionada sobre se é um filho de Deus ou não, e, por isso, como se dá com uma coisa de maior importância, faz sua demanda com todas as provas de que dispõe para fazer jus à sua prerrogativa. O Espírito vem e dá testemunho nesta causa. Uma idéia insinuada é de processos judiciais com vistas a direitos e provas ou evidências. Tendo o juiz assumido a cátedra, a pessoa interessada formula a sua causa, apresenta as suas provas e faz com elas a sua alegação, sendo que os seus adversários fazem todos os esforços que podem para invalidá-las, anular a sua argumentação e fazer o crente perder a sua demanda. Em pleno julgamento, uma pessoa de reconhecida e comprovada integridade entra no tribunal e dá testemunho plena e diretamente favorável ao demandante; com isso ela tapa a boca de todos os seus adversários e enche o demandante de alegria e de satisfação. É assim no presente caso. A alma, pela força da sua própria consciência, é trazida perante a lei de Deus; ali o homem apresenta a sua reivindicação de que é filho de Deus, de que pertence à família de Deus, e com essa finalidade apresenta todas as suas provas, tudo aquilo de que se serve a fé para fazê-lo interessar-se por Deus. Nesse meio tempo, satanás se opõe a ele com todo o seu poder, o pecado e a lei o assessoram, mostram-se muitas falhas em suas provas, a veracidade destas é questionada, e a alma fica pendente, na expectativa do veredicto. Em meio às alegações e contestações, o Consolador entra e, com uma palavra de promessa ou por outro meio, conquista o coração do crente por meio de uma reconfortante persuasão (e põe abaixo todas as objeções) de que ele é filho de Deus. E por isso dEle se diz que “testifica com o nosso espírito”. Quando o nosso espírito está pleiteando seu direito e sua prerrogativa, Ele entra e dá testemunho a nosso favor, habilitando-nos ao mesmo tempo a praticar atos de obediência filial, com bondade e qual criança, o que é descrito em termos de “clamamos: Aba, Pai”. Lembremos ainda a maneira de agir do Espírito antes mencionada, que Ele realiza a Sua obra eficaz, voluntária e livremente. Disso decorre que por vezes a demanda dura muito tempo, ficando a causa em processo durante muitos anos. Às vezes a lei parece prevalecer, o pecado e satanás se alegram, e a pobre alma se enche de temor por sua herança. Talvez o seu próprio testemunho, por sua fé, sua santificação e sua experiência anterior, mantenha a demanda com alguma vida e algum consolo; mas a obra não é concretizada, a vitória não é obtida plenamente, enquanto o Espírito, que opera livre e eficazmente, quando e como quer, não entrar também com o Seu testemunho. Revestindo o Seu poder com uma palavra de promessa, Ele faz com que todas as partes interessadas Lhe dêem atenção, e põe fim à controvérsia.

Nisto Ele nos dá santa comunhão conSigo. A alma conhece a Sua voz quando Ele fala; e Ele não tem nenhum tom de mortal em Sua voz. Há nela algo grandioso demais para ser o efeito de um poder criado. Quando o Senhor Jesus Cristo com uma só palavra acalmou a fúria dos ventos e do mar, todos os que estavam com Ele souberam que perto havia poder divino (Mateus 8:25-27), e quando o Espírito Santo com uma só palavra aquieta os tumultos e os temporais que se levantam na alma, dando-lhe imediata calma e segurança, ela conhece o Seu poder divino e se alegra em Sua presença”.*

Autor: John Owen

Fonte: www.monergismo.com


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