terça-feira, 11 de março de 2008

Artigo de Andrey Murray

Os Galhos Que Dão Frutos

Há duas coisas notáveis a respeito da videira. Não existe uma planta cujo fruto contenha tanto álcool, e da qual o álcool possa ser destilado tão abundantemente, como a videira. Mas também não existe outra planta que possa tão rapidamente tornar-se selvagem, prejudicando a sua frutificação; necessitando assim ser podada impiedosamente. Eu olho da minha janela e vejo grandes vinhas; o principal trabalho do vinhateiro é a PODA. Podemos ter uma vinha enraizada tão profundamente em terra boa, que não necessite ser escavada, adubada ou aguada; mas a PODA não pode ser dispensada, se ela deve dar bom fruto. Algumas árvores precisam de poda ocasional, outras produzem fruto perfeito sem nenhuma poda, mas a vinha precisa ser podada.
Assim, nosso Senhor nos diz logo no início da parábola, que o ramo que dá o fruto o Pai "limpa para que produza mais fruto ainda".

Considere por um momento o que é esta poda ou limpeza. NÂO é a remoção de ervas daninhas ou espinhos, ou qualquer coisa de fora que possa impedir o crescimento. Não! É o próprio corte dos longos brotos do ano anterior, a remoção de algo que vem de dentro, que foi produzido pela vida da própria videira. É a remoção de algo que é a prova do vigor da sua vida; quanto mais vigoroso tem sido o crescimento maior a necessidade da poda. É a madeira genuína e as dia que precisa ser cortada. E por que? Porque ela consumiria demasiada seiva ao encher todos os longos renovos que cresceram no ano anterior; a seiva deve ser poupada e usada apenas para o fruto. Os ramos com dois e meio ou três metros de comprimento, são cortados de forma ser deixado apenas um comprimento de dois e meio a cinco centímetros, suficientes para sustentar as uvas. Somente quando tudo o que não é necessário para a produção dos frutos é cortado impiedosamente, e apenas os ramos suficientes para frutificação são deixados, é que se pode esperar uma boa colheita.

Que lição preciosa e solene. A limpeza do vinhateiro não se refere apenas ao pecado neste ponto. É a nossa própria atividade religiosa, pois ela se desenvolve no próprio ato de dar fruto. É isto que deve ser cortado e limpado. Temos que usar nossos dons de sabedoria, eloquência, influência, ou zelo, trabalhando para Deus. E estes dons estão sempre em perigo de serem indevidamente desenvolvidos e de virmos a confiar neles. E assim, após cada estação de trabalho, Deus tem que nos levar ao fim de nossas próprias forças, à consciência da inutilidade e perigo de tudo aquilo que é do homem para sentirmos, então, que não somos nada. Tudo o que é deixado de nós é apenas o bastante para receber o poder da seiva vivificante do Espírito Santo. Aquilo que é do homem deve ser reduzido ao seu nível mais baixo. Tudo aquilo que é inconsciente com mais a mais completa devoção ao serviço de Cristo deve ser removido. Quanto mais completa a limpeza e poda de tudo o que é do "eu", quanto menor a superfície que o Espírito Santo precisa cobrir, tanto maior será a concentração de todo o nosso ser, a fim de nos colocarmos inteiramente à disposição do Espírito. Esta é a verdadeira circuncisão do coração - a circuncisão de Cristo. Esta é a real crucificação com Cristo, trazendo sempre no corpo, o morrer de Jesus.

Bendita limpeza! Bendita poda! A purificação feita pelo próprio Deus! Quanto devemos nos regozijar na certeza de que vamos produzir mais frutos.
Ó nosso Santo Lavrador, limpa e corta tudo o que há em nós e que poderia tornar-se em objeto de exibição, ou poderia transformar-se em fonte de autoconfiança e jactância. Senhor, mantém-nos humildes, para que nenhuma carne se glorie em Tua presença. Confiamos em Ti para fazer Tua Obra.

Fonte: Este texto foi extraído do livro "The True Vine"Tradução de D. O. M.Revista À Maturidade – Nº.2


Informação sobre a imagem: DETALHE DA VINHA VERMELHA EM ARLES - 1888 O vinhedo e seus colhedores de uva no outono inspiraram este quadro, o único que o irmão Theo conseguiu vender durante toda a vida de van Gogh. Foi comprado por Anne Boch, irmão do pintor belga Eugene. Ao descrever o quadro para o irmão, van Gogh disse que o havia feito depois da chuva, com o pôr-do-sol pintando o chão de violeta e as folhas das parreiras de vermelho"como vinho". O toque esverdeado no céu foi usado para contrastar com os tons de vermelho quente que dominam a composição.

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